
O mundo do artista é mental.
O escultor manipula argila, o programador trabalha com códigos. As ferramentas reais de um artista, em contrapartida, assim como a de cineastas e místicos, são a sombra e a luz.
O espaço do artista é a mente. Seu material é imaginação.
Ele se pergunta “de onde vêm as ideias?”. Será que Gershwin teve a ideia de “Rhapsody in Blue” no chuveiro? Será que J.K. Rowling estava assando uma torta na primeira vez que imaginou Hogwarts? Ou ele estava no piano e ela em frente ao computador?
Como um monge zen meditando, o artista entra em um espaço mental. Um espaço mental vazio. Ele se torna uma criança. Ele se torna um aparelho receptor. Ele sintoniza na estação de rádio cósmica e escuta a qualquer que seja a canção sendo transmitida especificamente para ele.
Qual é, exatamente, a grande habilidade do escritor?
Nós sabemos o que carpinteiros fazem. Podemos entender o trabalho de um cirurgião. Mas o que faz um artista? Qual é sua grande habilidade? É isso:
O artista entra no vazio e volta com alguma coisa.
Sua habildade é desligar sua autocensura.
Sua habilidade é pular de penhascos.
Sua habilidade é acreditar.
Como artistas, no que acreditamos? Acreditamos em um modelo de universo (ou pelo menos de uma consciência dentro desse universo) que não é aleatória, não é sem propósito, não é vazia de significado.
Acreditamos em uma realidade mental que é ativa, criativa, auto-organizada, independente, infinitamente diversa e, ainda assim, coesa, governada por leis que estão ao alcance da compreensão do ser humano.
Acreditamos que o universo tem um presente guardado especificamente para nós (e especificamente para passarmos para outras pessoas) e isso, se aprendermos a mergulhar no vazio, vai entregar esse presente em nossas mãos.
Acredite em mim, isso é verdade.
Steven Pressfield autorizou a publicação da tradução de Diego Schutt do texto original em inglês. É proibida a reprodução desse artigo sem autorização por escrito.
4 Comments
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“O artista entra no vazio e volta com alguma coisa.” – Sensacional!!!
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Diego só tenho duas perguntas: A 1º é se você acha que tem algum tipo de tema que não deve ser colocado em uma história e a 2º é se tem como saber a hora certa de colocar um dialogo na história.
obrigado -
essa foi uma explicação mais do que sensacional, me fez gostar ainda mais de escrever
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Diego – estou facinada com a forma que expressas tuas idéias! Este parágrafo me encantou:
“Acreditamos que o universo tem um presente guardado especificamente para nós (e especificamente para passarmos para outras pessoas) e isso, se aprendermos a mergulhar no vazio, vai entregar esse presente em nossas mãos.”
Muito bacana!